Durante os 34 dias em que a Seleção esteve concentrada, Rogério Micale colocou em prática o que dizia ser peça-chave para o sucesso da equipe: a conversa
Foram 34 dias juntos entre preparação na Granja Comary, amistoso em Goiânia e a disputa dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Ainda em junho, quando convocou a Seleção Olímpica e deu sua primeira entrevista coletiva oficialmente no cargo, Rogério Micale deixou claro qual seria sua tática para otimizar o tempo de trabalho e montagem da equipe.
- Conversa. Vamos trocar ideia constantemente para acelerar o processo.
Quem acompanhou a Seleção Brasileira diariamente sabe que este discurso não ficou apenas na teoria. Foram constantes os bate-papos após os treinamentos, as conversas individuais com atletas ainda no campo, a abertura para ouvir o que os jogadores pensavem sobre o modelo de jogo.
Sempre didático, Micale usou e abusou das mais diversas ferramentas de trabalho para botar em prática o que pregava. O quadro tático foi seu principal aliado, utilizado em praticamente todos os treinamentos antes de a bola rolar. Mensagens de celular preparadas pelos seus auxiliares também, com imagens explicando o que seria feito no dia seguinte.
Na véspera da final, uma cena se tornou emblemática para ilustrar uma Seleção Olímpica democrática. Em determinado momento, enquanto arrumava o posicionamento da equipe para marcar a saída de bola adversária, os jogadores começaram a sugerir estratégias, todos envolvidos na construção de jogo do time. Micale percebeu o interesse dos meninos e aproveitou. Os reuniu no centro do campo e começou a troca de ideia. Dali saíram definidos para praticar mais um pouco.
O grande trunfo de um líder é justamente esse, conseguir engajar todos os personagens envolvidos no trabalho em busca de um resultado comum. Erasmo Damiani, como coordenador das categorias de base da CBF, e Rogério Micale, como técnico, souberam fazer isso desde o início. Sempre que parabenizados por uma vitória, eles retrucavam na lata:
- Parabéns para nós!