Craque de verdade, lateral-direito da Copa do Mundo de 1982 dominava a arte de jogar futebol
José Leandro de Souza Ferreira nasceu em Cabo Frio (RJ) e sempre sonhou em ser jogador de futebol. Até vir para o Rio de Janeiro estudar, e, por iniciativa própria, pedir para fazer um teste no Flamengo. Bastou um treino.
Logo se percebeu naquele jovem que tinha as pernas arqueadas – o que o prejudicaria e poria fim precocemente à sua carreira - algo de diferente, pela maneira especial como tratava bola. Ali estava uma joia rara, uma grande promessa que, se bem trabalhada, se transformaria em craque.
Foi o que aconteceu. Leandro ganhou logo a posição de titular no Flamengo, passou por um breve período de empréstimo no Internacional de Porto Alegre, mas rapidamente voltou ao clube da Gávea para ganhar todos os títulos possíveis e virar um dos maiores jogadores da história do clube e ídolo da torcida.
O caminho natural para um jogador-craque só poderia ser a Seleção Brasileira. Com a camisa amarela, Leandro mostrou o brilho de sempre, com belas atuações. Participou de 27 jogos, com somente três derrotas e marcou dois gols.
Leandro ganhou fama como lateral-direito – considerado um dos melhores no país em todos os tempos. Mas tinha tanto jeito e facilidade para jogar que o fizeram adotar outras posições.
Talvez uma declaração de Zico sobre o companheiro explique tamanha versatilidade:
- Nunca vi um jogador com a técnica do Leandro. Ele batia com a mesma técnica com as duas pernas, jogava bola como se fosse a coisa mais natural do mundo. Um craque.
Leandro foi um meio-campo espetacular. Nessa posição conquistou a Taça Libertadores da América pelo Flamengo em 1981. Depois, virou zagueiro de área. Um dos maiores na posição. Não dava um chutão, saía jogando com elegância e dominava sua área com autoridade.
Só que o problema nos joelhos não o deixava em paz. As dores insuportáveis, o local inchado, toda vez que terminava um jogo, tornaram um enorme sacrifício continuar entrando em campo.
Até que veio um Flamengo x Vasco decisivo do Campeonato Estadual de 1988. Ao tentar atrasar uma bola para o goleiro Zé Carlos, Leandro errou no tempo da bola, do que se aproveitou um então garoto e veloz Romário para fazer um gol na vitória vascaína.
Foi o último jogo de verdade de Leandro. Ele sentiu que chegara a hora de parar. Um craque como ele não poderia continuar jogando com as dores que limitavam e o impediam de exercer os movimentos necessários para um atleta.
Pior para o futebol e para os torcedores. Perderam um mestre de jogar bola.